Nos anos 80 ainda existiam os "Cigarrinhos de Chocolate Pan". Nos anos 90 ainda existia a “Banheira do Gugu”. Nos anos 2000 a informação chegou a maioria.

Mas começamos a perceber que não era legal fazer propaganda de cigarro. Percebemos que Black Face era feio. Percebemos que todos temos direitos iguais. Percebemos que empregadas domésticas não são escravas. Percebemos que crianças precisam ser crianças

Ubuntu

E pós 2010, depois de perceber tudo isso, também percebemos que percebíamos mais as pessoas. A adolescente palestina já não estava tão longe, os refugiados sírios tinham celulares iguais os nossos, o menino estudando na rua aparecia nas nossas telas.

Ficamos mais empáticos.

A internet nos aproximou. Apesar das pessoas dizerem que com a internet estamos cada vez mais longes, nunca estivemos tão perto de quem esta tão longe. Percebemos a felicidade e dor de quem nunca vimos de perto.

Foi esse momento que incomodou a maioria.

As piadas do Manuel, do gay, do gordo, do judeu, do árabe já não tinha mais graça. Todos nós conhecíamos uma Maria, uma lésbica, uma anoréxica, uma muçulmana, uma haitiana.

Todos nós percebemos como gostávamos dessas pessoas e percebemos também o quanto nos parecíamos.

Mas quem não percebeu, se sentiu só.

Apartheid, na África do Sul

Uma piada preconceituosa era ouvida com desprezo, o racismo não era mais rido. Com o passar do tempo essas pessoas passaram a ser percebidas também, mas não eram mais aceitas.

Foi o fim do seu apogeu. Sua opinião lhe afastou os amigos, que já não riam nem por educação. Na internet suas opiniões precisavam ser anônimas para que não fosse processado.

Restou-lhes apenas praguejar como velhos julgando os mais novos. E se juntar a outros velhos que vão rir e se divertir com suas velhas anedotas. Deixando-se cada vez mais de ser percebido…

Espero um dia que todos sejam importantes. Que todos importem para si, todos aqueles que ele percebeu.